No DF, defasagem de 20% na tarifa de ônibus é a maior do país, diz entidade
20/11/2014 | Geral
A Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) informou nesta quinta-feira (20) que a defasagem nas tarifas de transporte coletivo no Distrito Federal chega a 20% e é a maior do país. Segundo o DFTrans, o último reajuste na tarifa foi em 2009, quando aumentou 2,3% e saltou para R$1,50, R$ 2 e R$ 3, dependendo do ônibus e do trajeto.
O percentual de defasagem em oito capitais brasileiras, cuja tarifa média é de R$ 2,55, é de 12,8%. O índice foi calculado com base nas tarifas de Belo Horizonte (MG), Curitiba (PR), Fortaleza (CE), Goiânia (GO), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ) e Salvador (BA). Nestas cidades, a defasagem média é de R$ 0,33 por passagem.
No DF, o transporte público é parcialmente subsidiado pelo governo. Assim, quando a tarifa técnica é de R$ 2,80, o passageiro paga R$ 2 pela passagem e o GDF repassa mais R$ 0,80 para a empresa. Segundo a Associação das Empresas Brasilienses de Transporte Urbano de Passageiros (Abratup), caso não houvesse essa subvenção do GDF, as empresas precisariam fazer um estudo para reajustar os valores de todas as bacias.
Para o presidente da NTU, Otávio Cunha, a defasagem pode ser explicada pelos sucessivos aumentos salariais concedidos a rodoviários nos últimos anos, ao aumento nos custos operacionais do sistema, à queda na produtividade do setor e à quantidade de ônibus circulando nas ruas, maior que no passado.
"No último reajuste, o governo deu 20% de aumento salarial para os trabalhadores, caso único no país. O valor não foi repassado no preço da passagem. Ele [governo] está bancando, porque as empresas têm essa despesa", diz. De acordo com a NTU, a mão de obra representa 29,4% dos gastos das empresas, enquanto com óleo diesel é de 23%, com impostos, 21,1%, e com a manutenção e aquisição de veículos, 19,1%.
Cunha afirma que a defasagem sobrecarrega o orçamento público e que, se a passagem fosse reajustada para equilibrar as contas, o custo ao passageiro poderia chegar a R$ 4. "A tarifa deveria ser reajustada, mas acredito que com a fórmula que tem em Brasília [de subsídio], não vai repassar o valor total ao usuário", diz.
O GDF ainda custeia integralmente o Passe Livre Estudantil e passagens a portadores de necessidades especiais e idosos. O custo mensal do subsídío é de R$ 13 milhões por mês, em média.
"Há uma diferença aí que o governo está bancando. O problema é que não está pagando. O governo está com dificuldade de pagar e está devendo às empresas muito dinheiro, isso está demonstrado e admitido."
Segundo a Abratup, o GDF tem dívidas com todas as empresas que representa. São elas a Marechal, Urbi, São José, Piracicabana e Pioneira. A associação não informou o valor devido. O DFTrans reconheceu que tem dívidas com as empresas e afirmou que não há previsão para reajustar as tarifas.
Fonte: G1