NTU repudia paralisação violenta e ilegal no Rio de Janeiro
14/05/2014 | Geral
Os cariocas têm vivenciado um cenário de desrespeito decorrente à greve dos rodoviários no Rio de Janeiro. A Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) lamenta que um grupo dissidente do sindicato e sem representatividade legal para conduzir a greve em nome da categoria esteja incitando a desordem e as depredações aos coletivos e prejudicando, por dia, cerca de dois milhões de usuários do transporte coletivo urbano. Até o momento, mais de 760 ônibus foram depredados.
“É lamentável que o Rio de Janeiro esteja vivenciando uma greve que deveria ser tratada de maneira séria e pacífica, mas que está desgastando toda a população e as concessionarias do serviço por causa de reinvindicações sem fundamento e pela falta de alinhamento nas negociações por parte de alguns grevistas”, analisa o presidente executivo da NTU, Otávio Cunha.
Os líderes dos grevistas querem um aumento de 40% no salário e reajuste na cesta básica de R$ 140 para R$ 400. Contrariando um acordo coletivo celebrado pelo sindicato dos trabalhadores que reajustou os salários em 10%, tornando-se um dos salários mais alto da categoria no Brasil, passando de R$1.779 para R$1.957. Nesta terça-feira, dia 14, apenas 44% dos ônibus circularam, mesmo com decisão da Justiça do Trabalho de que 70% dos profissionais voltassem ao trabalho.
Segundo o secretário de imprensa do Sindicato dos Trabalhadores Empregados em Empresas de Transporte Urbano de Passageiros (Sintraturb-RJ), Gerson Batista, o movimento grevista não partiu deles. “O sindicato fez sim ao acordo coletivo que alcançamos 10% de aumento salarial e que até a data de 13 de maio era o maior acordo coletivo do Estado do Rio de Janeiro”.
Batista explica que na atual conjuntura do país, com inflação de 6%, não seria possível um sindicato que responde por uma categoria ir para uma negociação pedindo 40%. “O que acontece nesse movimento é que ele é político. São dois diretores nossos que se filiaram ao PSOL e ao PSTU e que trouxeram pra dentro do sindicato o jeito de agir desses partidos. Na verdade, eles estão preocupados em continuar o movimento fazendo greve até a Copa. Essa é uma decisão política”, lamentou.
O sindicato informou ainda que “os trabalhadores estão começando a entender a politicagem desse grupo e estão voltando ao trabalho”. De acordo com Batista, nos dois dias de greve, a adesão do trabalhador não foi maior porque eles colocaram “um aparato muito estranho” na rua para inibir a entrada do trabalhador na garagem. “Não conseguimos avaliar se a greve foi adesão ou coação”, pontuou.
Em recente decisão, a juíza Andréia Florêncio Berto estabeleceu que quatro líderes do movimento – identificados como Hélio Alfredo Teodoro, Maura Lúcia Gonçalves, Luís Claudio da Rocha Silva e Luiz Fernando Mariano – seriam obrigados a se abster de "promover, participar, incitar greve e praticar atos que impeçam o bom, adequado e contínuo funcionamento do serviço de transporte público, bem como mantenham distância das garagens das empresas consorciadas filiadas ao sindicato", de acordo com nota publicada pelo Rio Ônibus – sindicato que representa os quatro consórcios do transporte coletivo urbano do Rio de Janeiro.
Greve é ilegal
O Tribunal Regional do Trabalho (TRT-RJ) determinou no dia 13 de maio que 70% da frota de ônibus do Rio de Janeiro volte a circular sob pena de multa diária de R$ 50 mil ao sindicato da categoria. Segundo o TRT-RJ, a decisão levou em conta o fato de o transporte rodoviário de passageiros ser atividade essencial e de que o sindicato é o legítimo representante da categoria.
A juíza Maria das Graças Cabral Viegas Paranhos considerou a greve abusiva por não ter cumprido o prazo de 72 horas para que a população fosse comunicada. O pedido foi feito pelo Rio Ônibus.
O presidente do sindicato patronal, Lélis Teixeira, relatou em entrevista para o jornal do Bom Dia Brasil que “por ser um serviço público, essencial à população, precisava ter avisado com 48 horas de antecedência, ter um mínimo de ônibus na rua e uma representação legal de um sindicato que promovesse. Nada disso foi feito”, afirma.
Prejuízos
Em três dias de paralisação de rodoviários no Rio — quinta-feira (8), terça (13) e quarta (14) — pelo menos 760 ônibus foram danificados, segundo a Rio Ônibus. Os principais danos são em retrovisores, parabrisas e vidros.
A Fecomércio estima que 977,8 mil trabalhadores do setor do comércio tenham sido afetados pela greve dos ônibus de hoje, com a adesão de alguns municípios da Baixada. O contingente corresponde a 44% dos cerca de 2,2 milhões de passageiros que sofreram consequências da interrupção da circulação dos coletivos.