Ônibus com limite de velocidade controlado por sistema conectado
24/07/2018 | Geral
Chegou ao mercado brasileiro um recurso de controle de velocidade por região que pode ser instalado nos ônibus. Conhecido como Serviço Conectado de Gerenciamento de Regiões de Segurança, os ônibus são programados a distância pelo operador do sistema, que delimita a velocidade em áreas especiais. A novidade funciona por meio de monitoramento remoto e geolocalização.
Toda vez que o veículo entra na área programada, o sistema de conectividade embarcada detecta automaticamente o local exato e fixa a velocidade de acordo com a programação remota. Ou seja, é possível programar velocidades mais baixas em regiões mais sensíveis, com um fluxo maior de pessoas, impedindo que o motorista acelere o ônibus acima da velocidade determinada para cada trecho, evitando, dessa forma, acidentes - informa a Volvo, detentora da tecnologia.
“É uma tecnologia inédita no Brasil, que aumenta a segurança em áreas próximas a hospitais, escolas, dentro de terminais e outros locais com alto fluxo de pedestres”, afirma Gilberto Vardânega, diretor comercial de ônibus da Volvo no Brasil.
Todas as informações do controle de velocidade ficam registradas remotamente dentro de um sistema/plataforma e os ajustes de velocidade podem ser realizados em tempo real em toda a frota. O motorista é sempre avisado pela tela digital do painel sobre a mudança de velocidade.
Tudo isso é possível porque todos os chassis dos ônibus Volvo já saem de fábrica com vários sensores que monitoram e mandam para o sistema os dados sobre a “saúde” dos veículos em tempo real. Dessa forma, além de receber as informações sobre o veículo, a informação retorna ao ônibus pelo mesmo sistema conectado quando a velocidade é ajustada.
“É uma ação ativa no veículo, que limita a aceleração. Mesmo que o motorista acelere, não conseguirá passar da velocidade-limite programada para aquela região”, assegura Vinicius Gaensly, gerente de Serviços Conectados em ônibus da Volvo. Segundo a montadora, por enquanto a solução não tem custo adicional; está sendo estudado o modo como a nova tecnologia será aplicada ao mercado. A inovação foi testada pela primeira vez na Europa, na Suécia, em ônibus híbridos elétricos; e pela primeira vez na América Latina, no Brasil, em Curitiba (PR), em ônibus biarticulados a diesel. Isso mostra a versatilidade da solução, que também pode ser aplicada em ônibus menores.
Primeira cidade brasileira a usar a tecnologia
Durante o mês de março, Curitiba foi a primeira cidade brasileira a adquirir 25 novos biarticulados para o sistema BRT da cidade que utiliza o Serviço Conectado de Gerenciamento de Regiões de Segurança. Ao todo, três empresas adquiriram os novos biarticulados. A Transporte Coletivo Glória recebeu 15 novos veículos, a Auto Viação Redentor recebeu oito e a Viação Cidade Sorriso, dois.
A URBS, órgão da prefeitura que gerencia o transporte público da cidade, fez a programação de áreas com velocidades diversas, que variam de 20km/h (dentro de terminais), 40km/h (área central) e 60km/h (eixos expressos). “No Terminal Santa Cândida, por exemplo, a velocidade foi ajustada para 20km/h. Dessa forma, por mais que o motorista acelere, ele não sai dessa velocidade, o que garante a operação com melhor qualidade e mais segurança”, exemplifica Gaensly.
Para a Transporte Coletivo Glória, o sistema funciona bem, mas foram necessários alguns ajustes após a aquisição e o início da operação. A regulagem teve que ser feita na “cerca eletrônica”, que é o perímetro de abrangência da redução da velocidade para entrar no terminal de ônibus e sair. “O alcance desta cerca eletrônica teve que ser ajustado, pois a velocidade era reduzida uma quadra antes do terminal. Com o ajuste, o limite de 20km/h acontece exatamente na entrada do terminal”, explica Gelson Forlin, diretor executivo da empresa Transporte Coletivo Glória.
Sobre a percepção dos motoristas dos ônibus, a diferença foi sentida principalmente no início da operação, quando a abrangência da “cerca eletrônica” era maior e eles não conseguiam fazer o tempo de viagem. “Passada a fase inicial da adaptação, agora o motorista entende que nem precisa se preocupar, pois a redução da velocidade é automática”, relata Forlin.
Além do sistema que controla a velocidade virtualmente, os veículos possuem o motor Volvo DH12E de 340cv, localizado entre os eixos dianteiro e traseiro do primeiro carro, abaixo do piso, “posição que melhora a força de frenagem do freio motor, reduz o ruído interno e permite maior espaço para os passageiros quando comparado com o dos ônibus com motor traseiro ou dianteiro”, detalha o presidente da Volvo Buses Latin America, Fabiano Todeschini.
Os novos biarticulados têm 28 metros de comprimento, oito câmeras internas e capacidade para 244 passageiros. As empresas de ônibus de Curitiba, que receberam os biarticulados, investiram R$ 32,5 milhões nas aquisições.
*Matéria publicada na Revista NTUrbano, na edição maio/junho de 2018.